Um enjoo que aperta até os órgãos que nunca me ensinaram os nomes. Uma cobrança que não se descreve, pois palavras não são tão maldosas. Uma dor que ainda não dói, é a iminência dela, é saber que ela vem. É a vida que está sendo vivida por todos, menos por mim. É o vento que só sopra a favor da moça bonita que cruza o meu caminho. É essa modernidade que transforma a minha essência em uma tela de vidro para eu me enquadrar na realidade e não me sentir tão só. É a incoerência da imaturidade, da falta de familiaridade, de ser nova demais pra não sentir vergonha. É o suco doce que depois de engolir deixa um gosto amargo na boca, assim como as pessoas que vão embora. É a sabedoria dos quatro elementos, de enfiar a linha na agulha, caminhar até o correio, falar com a boca, olhar nos olhos, e tudo aquilo que não entra mais neste mundo de meu Deus – mundo este que eu habito em busca da minha outra parte, que deve estar em algum lugar de uma mata fechada se protegendo de tudo o que emite onda e que tem língua grande pra falar de mim. É o pôr do sol que eu não sei se me esforço para achar só e simplesmente bonito, ou se me rendo para quem me moldou antes de eu entrar nesta dimensão, e admito que aquele fim de dia gera uma enorme guerra entre o que eu sou e o que eu quero ser (sem saber o que querer significa).
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É olhar pra garota que faz o meu chá atrás do balcão, e me perguntar se eu estou sendo injusta, se ela me entenderia, e se ela, por acaso, também se sente assim.
Juventude
