o corpo pede calma
quando a pele arrepia
de parar o tempo
mas quem disse que tenho tempo
a perder
com todo esse nada de tempo
pra viver?
enquanto a Terra dança
feito bailarina dolorida
que pisou no terreno errado,
eu chamo Deus de Vida
e peço pra ela não desistir de mim
quando eu pisar nos erros
tão enlameados, humanos e necessários
mas cheios de tempo
que eu não tenho a perder
será que um dia o mundo
vai me olhar e me botar pra viver
sem medo do coração que bate
quase tão rápido como o tempo
que ninguém tem pra saber?
será que ele me acalma
me coloca pra dormir
num terreno tão certo
de me levar pro lado exato
sem perder nenhum tempo
que eu nem tenho pra dizer?
é toda essa alma, sem nada de calma
é toda essa carne viva
exposta ao nascer ao pôr ao morrer do sol
é toda essa eu
que, Minha Vida, só você sabe
que não tem tempo a perder
e que por isso chora
a felicidade
da angústia
da raridade
da pressa
de viver