O que é o amor?
Eu me pergunto quando deixo o metrô, doída pelo zumbido que restou de ontem; pela poeira levantada depois de passos tão medrosos, mas esgotados da mesmice; pelo transbordamento daquilo que eu não sei nomear, mas que tenho provas da veracidade.
O cinza daquele cimento que piso, cor tão acostumada a não fazer rir, me lembra do passado, que corre alucinado em busca do amanhã, e me faz querer viver procurando cor. Será que o amanhã será hoje, ou o hoje é o amanhã que espera não ser cinza?
O que é o amor?
Eu procuro no barco ancorado, tão cansado de dizer sim sem nenhum poder de decisão; eu busco nas rugas de gente que não faz questão de agradar; em cigarros devorados por bocas desacreditadas; em garrafas largadas pela metade por alguém exausto de cumprir regras.
Procuro no meu pão sem manteiga, que mesmo seco é familiar; no café que me pega no colo com paciência, e me acalenta por mais algumas horas; nos olhos da moça negra que me dizem tudo sem que eu saiba de nada; no cachorro deitado no chão gelado abraçando forte o seu dono, pois sabe que mais que cão, é casa.
O que é o amor?
Eu me desespero com tanto barulho que anuncia a vida sem falar a minha língua, e me espalho pelas ruas de dia, de tarde e de noite pedindo respostas; engulo o sal de lágrimas tão necessárias; eu imploro por explicação. Paredes descascadas, arranhadas e inacabadas como tudo aquilo que deixei de falar, secam meu rosto e me dizem que eu não estou só.
Busco no riso de uma criança que mesmo tão nova é tão mais honesta, e assim me pergunto se o amor é ainda é possível depois de tantos acordos, contratos, delações, duplos-sentidos. Tanta amizade acabada por medo da perda de espaço. Tanta família desmantelada por não saber se ama ou se garante. Tantos sonhos que não amanheceram com a gente.
O que é o amor?
Me enxergo tão pequena perto do que eu posso imaginar; tão confusa na minha existência que teme não dar tempo; tão certa da minha incoerência que não sabe se escreve, ou se espera, resignada, o amor curar.
Depois de todas as aceitações forçadas; depois de tantos fins que invejaram começos; perfumes que senti sem poder reagir; beijos que deixamos para aquele encontro por acaso, que ambos sabemos não existir. Vejo você se afastando, cada dia mais, e eu na dúvida sem saber se te amo ou se continuo procurando respostas para me ver livre de te amar;
mas afinal,
O que é o amor?
Lindo texto – o amor e tudo isto e muito mais – parabens
É ter o seu coração Valente!!!😍😘
Ai, tia, você é linda!!!!
Drica querida…. só posso responder o que o amor é para mim.
Essa palavra tão pequena é o sentimento que cada umedcolhemos ele para ser. Como poder acreditar que o amor é único na diversidade infinita que temos como seres humanos.
O sentimento e a expressão dele é oq ue cada um molda ele para ser… e nem por isso ele se torma mais importante ou bonito, mas sim único na sua forma de existir.
Para o tímido o amor se expresa no silencio de um olhar; para o extrovertido muitas vezes se esconde nas palavras e brincadeiras; para o responsável no cuidado; para a avó num pedaço de bolo; para uma amiga num abraço…. para mim na beleza individual de cada um dos anjos que tenho em meu caminho! Inclusive vc com suas lindas palavras 😘😘
Amor é esse seu texto. ❤ Que coisa linda!
Belíssimo texto e uma provocação filosófica que, acredito, ninguém saiba a resposta. Pelo menos eu não sei ainda o que é o amor. O amor verdadeiro e não esse que a mídia insiste em nos vender. Mas, ainda o persigo e quem sabe, um dia topo com ele quando menos esperar. Bjs
Querida, talvez o amor seja a procura por ele. Só neste ato, ele já existe.
O que acha?
Beijo enorme.
Mais um texto maravilhoso, Drica!!! Eu me faço essa pergunta frequentemente há anos e até hoje não tenho uma resposta que me baste. Na dúvida, sigo achando que amor é tudo o que há. Beijo!
Lia, obrigada pelo recadinho. ❤ Talvez seja isso. Talvez seja tudo o que há. Um beijo grande, com carinho.